A experiência de 40 anos de vôos sobre a Amazônia brasileira é o enredo do livro “O vôo nos garimpos da Amazônia”, de Luiz J. Mendonça, que traz no decorrer do livro uma descrição da história das transformações sofridas pelo norte do país. A ocupação, a demarcação e a degradação de um território rico em recursos naturais, em sua cultura e objeto de estudo e exploração por empresas, ONGs e ambientalistas do mundo inteiro. O lançamento do livro pela editora Carlini & Caniato acontece no dia 26 de junho, às 19 horas, na sala dos professores do Cefet.
“O vôo nos garimpos da Amazônia” faz parte da coleção Ipê Roxo e foi indicado como material paradidático da Educação de Jovens e Adultos – EJA, por abordar aspectos históricos, geográficos e literários em uma mesma obra sobre a maior floresta tropical do mundo.
O autor da obra, Luiz J. Mendonça, faz um testemunho sobre esses 40 anos de vôos na região amazônica. Desde o primeiro vôo, em julho de 1964 a Santarém (PA) até os dias de hoje, as mudanças deste ecossistema estão descritas no livro. “Quando iniciei era tudo mata fechada, não havia nada desmatado. Hoje a Amazônia está em extinção, está cada dia menor e os danos ao ecossistema são irrecuperáveis”, conta o autor.
Ele também destaca a importância da ocupação do Centro-Oeste e do Norte do País para a proteção do território. Segundo o Luis Mendonça, a ocupação na década de 70, tanto pelos militares como pelos colonizadores, foi essencial para evitar a perda da floresta para os estrangeiros. “Não é de hoje que outros países estão de olho nas terras amazônicas. A política de povoamento da região Norte realizada pelos militares foi essencial para a proteção das terras. Os militares e aviadores da Força Aérea Brasileira (FAB) percorriam a região, davam assistência à população e mostravam a todos que a floresta tinha dono”, relembra.
Outro ponto abordado no livro é a política indigenista vigente no Brasil. Para o autor, ela é falha porque dá terras aos índios, mas não dá condições nem instrumentos para que eles possam produzir e se sustentar. “Dar terras não resolve o problema. É preciso dar educação, saúde e meios para que possam produzir, evitando que eles sejam enganados e vendam os recursos da região”, conclui.
Quando o tema é preservação, Mendonça defende o não-desmatamento total da região. Para o autor, nenhuma árvore mais pode ser derrubada e o Estado precisa desenvolver alternativas para as famílias que hoje dependem da exploração da floresta. Sobre isso, ele é taxativo: “O manejo sustentável não existe. Mais nenhuma árvore pode ser destruída e o reflorestamento, com vegetação nativa, tem que começar imediatamente”.
Em um texto leve e de fácil leitura, Mendonça narra a metamorfose e como ela aconteceu ao longo dos 40 anos de profissão dedicados ao sobrevôo pela região. Uma verdadeira viagem no tempo.
O autor
Nascido em Taquaritinga-SP, Luiz J. Mendonça é piloto desde os 25 anos e em 1958 esteve pela primeira vez em Cuiabá. Seis anos mais tarde, fez seu primeiro vôo sobre a região amazônica, mais precisamente sobre uma região de garimpo em Santarém (PA).
Passou 40 anos de sua carreira dedicados a pilotar aviões na região norte do País. Neste período, viu muita coisa acontecer do Norte de Mato Grosso ao estado do Pará. Quedas foram seis ao longo da carreira, mas nada que o fizesse desistir daquilo que era seu sonho desde criança: voar.
Mendonça formou-se piloto no Aeroclube de Londrina e logo em seguida migrou para o norte do País, local onde viveu muitas aventuras, alegrias e tristezas, tudo ricamente contado nas páginas de seu primeiro trabalho como autor. O piloto está há quatro anos afastado da profissão, o que diz ser uma tortura. “Estou desesperado para voltar a voar”.
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