quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Circuito Silva Freire é aberto em Cuiabá

Num clima boêmio, no salão principal da Academia Mato-grossense de Letras, tendo em volta retratos dos grandes nomes da literatura regional como José de Mesquita, Francisco Antônio Pimenta Bueno e Barão de Melgaço, aconteceu a abertura Circuito Silva Freire, que teve como ponto alto o lançamneto do livro “A Japa e outros croni-contos cuiabanos”. O evento aconteceu na quarta- feira (3), às 19 horas.

Todos os que participaram do projeto de elaboração do livro demonstraram nas palavras e nos gestos o quanto estavam emocionados naquele momento em que tinham nas mãos o resultado de grande esforço e dedicação.

Entre eles, a viúva do poeta Silva Freire, Leila Freire e seus filhos.

O presidente da Academia Sebastião Carlos Gomes de Carvalho, comentou a homenagem e o próprio Freire. “Poucos foram tão expressiivos, o poeta telúrico, de linguagem avançada para o seu tempo. Um dos grandes poetas nacionais”, elogiou ele.

Leila Freire falou de uma maneira apaixonada e entusiasmada sobre sua história ao lado de Silva Freire do orgulho que sempre sentiu do marido, do articulador político e do grande escritor. “Fui testemunha do amor e da paixão dele por esta cidade”, disse.

Aqueles que se interessam pela obra de Freire podem se animar. ”Deixamos a obra dele aberta aos estudiosos, estudantes, teatrólogos porque é o encontro de uma nova geração e uma nova cuiabania, um mergulho nas referências culturais”, disse a viúva do poeta.

Para Larissa Freire, filha do autor, a grande importância do evento é mostrar para os jovens a literatura mato-grossense. “A UNESCO, que é parceira no projeto, valoriza muito este resgate”.
A professora Maria Cristina Campos, organizadora do livro, que tem 27 textos em prosa de Freire, achou interessante a forma como o autor explora a linguagem regional e os neologismos. “ Quando tive contato com a prosa dele, eu me encantei”, comentou Cristina. A paixão pelos textos do escritor é tanta que, no evento, a professora de prôpos que o Intensivismo fosse tombado como patrimônio histórico e cultural da cuiabania. “Espero que este livro chegue às escolas e que os alunos realmente o leiam”.

Elaine Caniato, da editora Carlini & Caniato, revelou que esta será a primeira de uma série de obras que serão lançadas. “A editora está com uma proposta de divulgar escritores regionais”, disse ela.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

SILVA FREIRE em prosa sai pela Carlini & Caniato Editorial




Advogado, jornalista, poeta, professor, um nome importante na história política do País, precursor da Poesia Concreta e um dos mentores do Intensivismo, movimento de vanguarda literária nacional cujo berço foi Cuiabá – este homem múltiplo é Benedito Sant'ana da Silva Freire, o Silva Freire.
Ele será homenageado com um livro que reúne 27 de seus textos em prosa, alguns inéditos, resultado de um trabalho de "garimpagem" feito pela pesquisadora Cristina Campos e publicado pela Carlini & Caniato Editorial. Título da obra: "A Japa e outros croni-contos cuiabanos".
O lançamento acontecerá no próximo dia 3 de setembro, no "Circuito Setembro Freire", evento em homenagem aos 80 anos do poeta que integra a programação do evento "Dias de Literatura, Arte e Música", promovido pela Academia Mato-grossense de Letras, onde Freire é um dos imortais.
A iniciativa do Circuito é do escritório da Unesco em Cuiabá, com o apoio de vários parceiros. O objetivo é divulgar a importância da obra de Silva Freire, fomentando o conhecimento da literatura mato-grossense.
O significado da pessoa e da obra de Silva Freire para Mato Grosso foi o que motivou a Carlini & Caniato Editorial a abraçar o projeto de publicação de "A Japa...". O editor Ramon Carlini destaca a singeleza e a simplicidade com que o autor manifestava seu amor por Cuiabá e sua gente, ao jeito característico de ser cuiabano. "Ele é, para mim, um dos escritores que melhor descreveu o cotidiano da cuiabania de seu tempo, registrando o seu amor pela cidade de Cuiabá, sua singela população e um tempo que não voltará mais. Foi, sem dúvida alguma, um escritor/cidadão afinado com as demandas sociais, culturais e educacionais de seu Estado".
A opinião é compartilhada por quem conviveu de perto com Silva Freire em outro papel, o de pai. Larissa Silva Freire confessa sua satisfação em ver publicados muitos dos contos que povoaram sua infância. "Cresci lendo estes contos, sempre me identifiquei muito com eles, pois falam da gente cuiabana. Com o livro, o público vai conhecer um Silva Freire diferente, que normalmente não é mostrado". Outro ponto importante para ela é o fato de o livro estar inserido na Coleção Aroeira, cuja proposta é publicar textos em prosa de autores reconhecidos e também jovens promissores da literatura mato-grossense, buscando, entre outras coisas, estimular o gosto pela leitura e a produção de textos literários nas escolas.
A identidade cuiabana, o registro etnográfico de um passado, a ingenuidade e a simplicidade da infância e juventude, bem como de pessoas simples, são características do trabalho de Silva Freire. Outro tema que permeia os croni-contos de "A Japa..." é a conservação do meio ambiente. "É uma discussão muito atual e que está presente em todos os contos", observa Larissa.

Família
Além do valor cultural inegável, o livro tem significados especiais para a família do escritor, que compartilha com o leitor textos que ficaram guardados durante muitos anos. Leila Barros Silva Freire, viúva de Silva Freire, confessa o prazer em abrir os "arquivos da memória" e trazer a público um pouco mais da obra do marido. "É muita satisfação, alegria e felicidade, principalmente por eu ter conseguido guardar por todo esse tempo os escritos de Freire e compartilhá-los agora. Pensei que seria muito doloroso abrir esses arquivos, mas não foi tanto quanto imaginei", ela comentou.
Falar do escritor ainda é difícil, admite. "Sempre fui uma grande admiradora dele. Freire era grande em tudo. Grande como poeta, grande como advogado, imenso orador, e imensamente grande como amigo. Ele amava as pessoas! Achava que todo mundo era igual a ele, de um coração imenso", recorda.

Os croni-contos
Que são croni-contos? Um gênero híbrido que reúne crônica e conto e demonstra a tendência do autor ao experimentalismo na hora de escrever.
Cristina Campos, pesquisadora e professora de Língua Portuguesa e Literatura, destaca a escrita "panorâmica" de Silva Freire, pela qual é possível penetrar no universo descrito. "Quando ele fala, por exemplo, do menino que ia pescar, descreve a planta com a qual fez a vara, o anzol, a isca, a beira do rio, é possível imaginar toda a cena, detalhadamente. A gente volta no tempo: sente os cheiros, as cores precisas, o vento... O bom escritor consegue esse efeito sobre a gente e Freire é um grande nome da nossa Literatura."
A pesquisadora chama a atenção para o fato de que Silva Freire é um dos primeiros autores mato-grossenses que voltou sua atenção para o social, não como uma literatura engajada, mas para registrar o cotidiano da cuiabania, valorizando sua tradição oral. "Ele possuía a habilidade de conviver com gente de todo tipo; circulava com desenvoltura por estratos sociais diferenciados registrando, pacientemente, detalhes que passariam despercebidos pela maioria. Por isso, um traço estilístico que o distingue é o caráter etnográfico de sua obra."
"A Japa e outros croni-contos" começou a ser gestado a partir de uma pesquisa feita por ela em 2007, reunindo textos pouco conhecidos, porém muito importantes do autor para "mostrar aos alunos a cuiabania". Como fontes, foram utilizados os arquivos do jornal Correio da Imprensa das décadas de 1970-1990, onde Silva Freire publicava seus textos; livros já esgotados, ilustrados e diagramados por Wlademir Dias Pino; revistas; e originais datilografados e de próprio punho disponibilizados por sua família. "Acho de suma importância ter a Cristina Campos e a Carlini & Caniato na organização destes textos, pois a Cristina trabalhou diretamente com Wlademir Dias Pino e estar com ele era como estar com Silva Freire", observou Larissa.
O resultado, segundo Cristina, é um panorama do estilo freiriano, marcado pelo registro do dialeto cuiabano e pelo experimentalismo, pela exploração de regionalismos, neologismos e sonoridades de poeta acostumado. Entre os temas recorrentes estão a infância e a adolescência, suas "danadezas" e descobertas. "As gerações anciãs certamente ficarão emocionadas ao ler estas páginas que pescam/presentificam imagens do passado, numa rede nervosa e semovente de signos. As novas se surpreenderão com o contraste de um tempo bem aí, no entanto tão longe e distinto, aparentemente", encerra ela no prefácio da obra.

Silva Freire - História
Benedito Sant'Ana da Silva Freire nasceu no município de Mimoso, em 20 de setembro de 1928, mas foi registrado em Cuiabá. Graduou-se em Direito pela Faculdade Cândido Mariano, no Rio de Janeiro-RJ, em 1959. Foi contínuo, auxiliar judiciário, escriturário, oficial de diligência substituto da Justiça do Trabalho, em Cuiabá, São Paulo e Rio de Janeiro; conselheiro da Caixa Econômica Federal, em Mato Grosso; delegado regional do SAPS e SENAM (extintos); professor do Departamento de Direito da UFMT; presidente do Tribunal de Justiça Desportiva da FMD (extinta); conselheiro, presidente da Comissão de Exame e vice-presidente do Conselho Seccional da OAB-MT; presidente do Instituto dos Advogados Mato-grossenses.
Foi também secretário geral da União Metropolitana dos Estudantes; presidente do Diretório Central dos Estudantes das Faculdades Independentes; diretor de Cultura da UNE; presidente do Teatro Universitário Brasileiro (1956-1959); diretor-redator da revista Movimento (1957-1959), da UNE; do jornal O Roteiro, da AME-MT; e da página universitária do jornal O Semanário, no Rio; membro do Clube de Poesia da cidade de Campos-RJ. Fundou o Grêmio Literário Lamartine Mendes, os jornais Arauto da Juvenília, Vanguarda Mato-grossense, Saci (1949) e Sarã (1951), em Cuiabá, e Japa, no Rio.
Escreveu para os jornais: Tribuna Liberal, O Social Democrata e Folha Trabalhista, de Campo Grande; O Momento, de Corumbá; Folha Mato-grossense, Correio da Imprensa, O Estado de Mato Grosso e revista Esquema, de Cuiabá.
Fundou e dirigiu os suplementos literários: Poemas e Letras, no jornal Equipe; e Proposta, no jornal Folha da Serra, de Campo Grande. Promoveu, com outros parceiros, eventos e peças de teatro, em Cuiabá e no Rio de Janeiro; como advogado, atuou em inúmeras causas sociais.
Serviço
"A Japa e outros croni-contos"

Edição: 1ª

Ano de Publicação: 2008

Nº de páginas: 176

Gênero: ContosE

ditora: Carlini & Caniato Editorial

Preço: R$ 29,80
Contatos:
Editora TantaTinta/Carlini & Caniato(65)3023-5714/5715 comercial@tantatinta.com.brhttp://editora-carlini-caniato.blogspot.com/